Cidade
A noite caí furtiva
Sob a penumbra desta selva
De torres frias, metálico-plásticas,
Tornando n’alma as figuras mais alvas
Nossas fantasias mais sádicas...
Os vemos imersos num grande terror,
O desespero da busca do prazer sem um fim.
Aquelas criaturas entregues com ardor,
Como enjauladas num negro festim...
Veja por sobre estas imensas metrópoles:
Um mar de cobiça e vaidade,
A caricatura nefasta das acrópoles,
Recheada de perfídia e maldade.
Um bacanal torpe, acromático,
É a fuga deste fardo impagável.
A sina desta ondulante massa vivente
Camuflada num sorriso simpático,
Fazendo do poeta mais execrável
Uma criança de malícia demente...
(2003 foi a data mais antiga que me recordo)