ONÍRICO
Todo eu sou sonho
não acordo nunca.
E se pareço acordado
falando
rindo e chorando
caminhando
organizado,
é só um truque
mais nada;
um artifício
apurado
do meu «isso» impertinente
malfadado
inconsciente
em que me esgoto.
Eu bem noto
os remoques que me fazem
por acharem que sou estranho
meio louco
despistado
de memória perturbada
sem dizer coisa com coisa.
Estou a vê-los
a morderem p’la calada.
Não sabem que sou sonâmbulo
e que tenho pesadelos.