SEMENTE

Mesmo que toque os ombros

Com essa vestimenta de mortalha

Isso não me amedronta

Não sou semente

Eu não fui feito para semente

Vou lhe deixar um alerta

Não me venha com sua graças

E suas conversas indiscretas

Isso não me amedronta

Se ainda esse toque

No meu ombro for à morte

Eu sempre irei resistir

Persistindo e dizendo, que estou forte.

Tive data para nascer

E tenho data para morrer

Mas só com o vencimento

Da minha certidão nascimento

Não me venha com enganos

Não desabone o meu viver

Que ainda tenho todos os sentimentos

Sem datas de vencimento

Deixe que eu tenha

Toda minha naturalidade

Que brotem e desabrochem

Todos esses sentimentos

E ainda que a foice se amole

Em meu pescoço

Grito e rijos os dentes

Resistindo firme e forte

Deixe-me viver.

Que eu não sou semente.