Eternidade
De ti nunca parti
Ainda que pensasses que minhas mãos
Ensaiavam-te acenos e despedidas.
Na memória tenho todos os teus gestos,
A ternura de cada sonho compartilhado
Que deitávamos no colo de algum dia,
Onde poderíamos nos pertencer.
Não pressuponhas que a ausência
Leva de mim os cheiros das promessas,
Os abraços meus que só se sabiam
Feitos para o universo dos teus braços.
Permaneces lavrado em meus olhos,
Refletido como sombra em meu rosto
Como a amparar-me a solidão de mim mesma.
És parte de mim, como se me navegasses
Tu nau, eu mar aberto, entregue e plena
À descoberta da rota dos teus dedos
Não penses que a saudade é finda
Nestes caminhos apartados dos teus
Lembrar-te é florescer primaveras
Nos passos áridos por tanta espera.
Guardo em meus lábios teu sorriso,
Porque o ontem que te parece distante
Será sempre o tempo presente
Para quem se sonha eternidade...
© Fernanda Guimarães