Esquecer para Lembrar
Engraçado como o mecânico de toda manhã
Tira para escanteio o poético de cada raio de sol
E que cada sonho acaba por se tornar mais um
Engraçado como a ilusão de um melhor
Se torna ultrapassado quando alcançado
E com isso cada esquecimento é levantado
No normal de cada dia
e no normal da enfadonha criança aveludada daquilo que se chama vida
Engraçado mais que tudo
É como perder o que se tem ou quer ser
Pode ser o melhor dos melhores meios para se ter de fato
O que se é
E aí na dor do não ser se descobre o que de fato se é e quer ser
E esquecendo se lembra do episódio de início íntegro
De fim apagado e sequer colado para ser interpretado:
“queria ser o que eu era, mas o que era eu? Afinal eu era?”
E é assim se esquecendo, que se lembra
Da importância de últimos suspiros, afinal não lembra-se dos primeiros
Já faz importante lembrar de algo...
Mesmo que esse seja o mais penoso trabalho da vida
A própria morte...
Ass: Danielle Rodrigues Guimarães