MOMENTO QUATRO
I
LESÕES
Eu queria que a poesia me espancasse
Cobrisse-me de chagas
E me sugasse
O sangue
Em veias e vias largas
Em palanque
Exibisse escoriações
As corporais lesões
E tendo dito
Do dolo o delito
Publicamente me arrasado
De vítima me feito culpado
Com essa lide satisfeita
Curvar-se à minha direita
Farta, morta de cansaço
Vendo-me em bagaço
Sorrindo-me sem asco
Deste meu fiasco
Apoiasse-me em seu braço.
II
PÁSSARO SENTIMENTO
Vaga o instante irresoluto
De silêncio n’alma inquieta
Imersa a um mar de águas calmas.
Vem-me uma onda discreta
No vento em furtivas palmas
Transcender-me o absoluto.
Vem-me um desejo obscuro
De transitar pelo vento
Meu ser que se prende ao muro
Nas asas soltas do alento
Voa alto, leve e puro
Meu pássaro sentimento.
III
VELAS AO VENTO
A água do mar
O sol e a brisa
Lambem-me a pele
Onde desliza
O teu corpo
De mãos postas
Em minhas costas.
As velas se movem
Sobre as ondas lentas
Ao sopro do vento...
No mar de carícias.
No firmamento
Ergue-se um mastro.
IV
SONETO E POESIA
Sou um Soneto. Meu rosto é meu verso.
Não me verás na face que procuras,
Sonda-me o coração – alma em nervuras -,
E encontrarás meu ser no teu, disperso.
Longe de ti, de te pensar não cesso,
Pois que em meu sonho feito de venturas
Ergo o meu pensamento às alturas
E me perco sem ti, no céu inverso.
Não se vive um amor sem fantasia
Senão, do que seria este poeta
Que é teu, e tu qu'és minha nesta ausência?
Sou um Soneto e te amo, Poesia!
Platônica paixão nos inquieta
O coração, a alma e a consciência!...
I
LESÕES
Eu queria que a poesia me espancasse
Cobrisse-me de chagas
E me sugasse
O sangue
Em veias e vias largas
Em palanque
Exibisse escoriações
As corporais lesões
E tendo dito
Do dolo o delito
Publicamente me arrasado
De vítima me feito culpado
Com essa lide satisfeita
Curvar-se à minha direita
Farta, morta de cansaço
Vendo-me em bagaço
Sorrindo-me sem asco
Deste meu fiasco
Apoiasse-me em seu braço.
II
PÁSSARO SENTIMENTO
Vaga o instante irresoluto
De silêncio n’alma inquieta
Imersa a um mar de águas calmas.
Vem-me uma onda discreta
No vento em furtivas palmas
Transcender-me o absoluto.
Vem-me um desejo obscuro
De transitar pelo vento
Meu ser que se prende ao muro
Nas asas soltas do alento
Voa alto, leve e puro
Meu pássaro sentimento.
III
VELAS AO VENTO
A água do mar
O sol e a brisa
Lambem-me a pele
Onde desliza
O teu corpo
De mãos postas
Em minhas costas.
As velas se movem
Sobre as ondas lentas
Ao sopro do vento...
No mar de carícias.
No firmamento
Ergue-se um mastro.
IV
SONETO E POESIA
Sou um Soneto. Meu rosto é meu verso.
Não me verás na face que procuras,
Sonda-me o coração – alma em nervuras -,
E encontrarás meu ser no teu, disperso.
Longe de ti, de te pensar não cesso,
Pois que em meu sonho feito de venturas
Ergo o meu pensamento às alturas
E me perco sem ti, no céu inverso.
Não se vive um amor sem fantasia
Senão, do que seria este poeta
Que é teu, e tu qu'és minha nesta ausência?
Sou um Soneto e te amo, Poesia!
Platônica paixão nos inquieta
O coração, a alma e a consciência!...