PAIS

Ele,

gestado em nós,

abriu um berreiro forte

De cara, viu hipocrisia do mundo;

a fé sem camisinhas-de-pagão,

o bendito fruto acordado e dormido

sem o tédio dos que levam a vida a sério.

- para quê franzir a testa? -

Peso ou tamanho, nada importa!

Bonito é vê-lo vindo bem lento

pelos ponteiros, parados,

se espreguiçando!

Ele,

criado em nós

andou segurando mãos.

A meio metro além do passo, tombou;

há um besouro esmagado na mão,

joelhos esfolados de tanto engatinhar

pelo chão na determinação do pouco andar.

- para quê coçar o machucado? –

Está sarado o sangrado!

Bonito é vê-lo acomodado

entre nós, presentes,

desembrulhado!

Ele,

corpo de nós,

coloriu paredes de cor.

Rabiscou desenhos horríveis, com arte;

a bicicleta, pronta pro aniversário,

descobriu a porta, o pátio, o portão,

o muro pichado com mil e um palavrões.

- para que dizer sim ao não? -

A rua é uma pedra equilibrada!

Bonito é vê-lo desajeitado

de merendeira pesada

desequilibrando-se!

Ele,

parte de nós,

deixou um só bilhete.

Andarilho, de Atlas em baixo do braço,

seja na terra ou no oceano, voltou

sem o numero do telefone, CEP ou casa

que poderiam lhe dar volta nas lembranças.

- para quê o souvenir barato? -

As estações têm jeito de chegada!

Bonito é vê-lo mais pesado,

de mochila nas costas,

um pouco magro!

Ele,

comum de nós

com os mesmos olhos esbugalhados

voltou-nos numa noite de chuva

com o mesmo temor aflito.

Ele

eterno em nós

se desculpando de tão longa ausência

voltou-nos numa noite de insônia

para, entre nós, cochilar

... com as mesmas calças curtas!