QUADRADO MÁGICO

Como se fosse mágica

Todo mundo vira criança

Brinca de pega-pega

Mata-mata

Na corda

Pula quem é bamba

Para dar um show

De cintura em cintura

O bambolê vence pelo cansaço

Estou um bagaço

O que faço?

Uma parada pra relaxar

A essa altura do campeonato

É melhor sair do anonimato

Assumir a verdadeira identidade

Sem alarde!

Sem importar a idade

Vivacidade

Liberdade de ser e fazer

Tudo parece brincadeira

Mas é sério

Mistério!

No silêncio

O que a boca cala

Os gestos falam mais alto

Mãos que se apertam

Acariciam

Pés se tocam

Se enroscam

Braços que abraçam

Amparam

Aquele ombro amigo

Pra chorar as mágoas

Águas passadas

O colo que oferece abrigo

Sem perigo

Todo proteção

Sentindo in útero

Regressão

Tudo é permitido

Tudo faz sentido

O palhaço deixa cair a máscara

Declara a sua emoção

A saudade arde

O coração ferve

O peito arfa

As recordações se perdem

Se espalham

Acham o caminho de casa

Refugiados no canto da sala

Pedem proteção

Se embaralham

Como fios soltos de um novelo

Vão abrindo espaço

No cotovelo

Com desvelo

Alguém baixinho canta uma canção

Se rendendo à emoção

Que se instala

A cada nova situação

Por detrás da cortina

Surge o artista

Se vista depressa

Chegou a sua vez!

O que foi que você fez?

Quem sou eu?

Quem é você?

Quem somos nós?

Desata os nós

Aperta os laços

Vem de lá um abraço!

Da cabeça aos pés

Descalços em toda a sua nudez

To dando o maior dez

Cortês o arlequim

Conquista a colombina

Uma rosa made in china

Do fundo do baú das ilusões

Recordações esquecidas

Você foi buscar

Sem sentir

No mundo do faz de conta

Traída pelo inconsciente

Daquele iceberg que nunca vem à tona

Além de uma pequena ponta

De pouca monta

Registros de velhas histórias

Memórias preservadas

No mais fundo do ser

Posso ver!

Naquele papel amarelado amarrotado

Um velho bilhete guarda o perfume

Desperta velhas e esquecidas emoções

Aquela fotografia

Que você nem desconfia

Foi salva da fúria destrutiva

Do seu ciúme exagerado

Amarelou com o tempo

Mas ainda guarda segredos

Nunca revelados

A música

O ambiente

O clima

Tudo preparado no capricho

Deixam cair as reservas

É preciso evitar buchicho

Quando a luz volta a acender

Da pra ver!

A lucidez se apaga

Espanta os sonhos

Que tristonhos despertam pra realidade

Tange para longe os pensamentos

Que inquietos

Voltam a habitar

Estranhos e ocultos mundos

Que ninguém sabe como encontrar

Voltam ao nada de antes

Quem você pensa que é?

Mais um palhaço no seu carnaval

Talvez um rival

Quem sabe!

Na festa dos horrores

Atores motivados

Desempenham seu papel

Ao sabor dos humores

Vestem as suas fantasias

E como num tropel

Correm sem direção

A caminho do céu de suas vidas

Alguém duvida?

Enquanto isso o mestre de cerimônia anuncia:

Respeitável público

O espetáculo vai começar!

E durante todo tempo

Alguém que finge brincar

A tudo observa

Do alto da sua ciência

Paciência!

Alena Ajira
Enviado por Alena Ajira em 07/05/2010
Reeditado em 24/06/2015
Código do texto: T2242063
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