Saudade remota

Enquanto tudo parece tão certo e sério,

Descanso meu querer apressado,

Engano as milhares de tentativas

De se esquivar do passado...

Meus dedos brincam de ser relógio,

Meus passos voam querendo nuvens,

Meu corpo cede ao seu cobertor...

Manias óbvias de cotovelos,

As unhas juram não mais crescer,

O sangue brota da tinta em pó,

Qual vermelho é falso?

O zero pede pra ter valor

No julgamento dos decimais,

Estalo os dedos pra ter coragem,

No calendário um romance astral...

Nessa fineza de guardanapo,

As mãos estranham os movimentos,

Um gosto azedo, dirá a língua,

Sai da garganta um som que invento...

Então vem e me diz o que é saudade,

Tira-me o gosto ruim da boca,

Dos outros amores passados,

Espera que eu faço o café de inverno,

Nossa sala será a mais quente...