Poeira e silêncio
Procuro minha sorte guardada
Há tempos em baús adormecidos
E quando só me resta a angústia calada
Folheio livros envelhecidos
Em busca de sonhos que já esqueci
São as memórias que se deitam comigo
Abraçando-me em um frio conforto
Mas é meu corpo que procura abrigo
Nas palavras de um triste poema morto
E eu derramo lágrimas sobre ilusões
As mesmas que eu cantei sem hesitar
As mesmas que me disseram adeus
Que se tornaram minhas longas confissões
Mas que eu apenas deixei de cantar
E agora eu testemunho o silêncio
Envaidecida por suas historias sobre mim
Sobre a menina que cantava sem motivo
Sobre o coração pulsante, alegre e vivo
Que despedaçou como rosa ao entardecer
Sombras de mim me guiam
Pelos caminhos que eu deixei de tecer...