DEVORADOR

O cego não viu o tempo

Mas ele passou

O mar de horas

Me escorre entre os dedos

Vejo a linha da vida

Na palma vazia da mão

Agarrei o segundo

Deixei cair um milésimo

Perdi o olhar que me piscara

Perdi amor

Doei o tempo

Sem ser seu dono

Agora mimo minutos

Fecho os olhos

Não quero ver

O amigo das dores

Devorador dos doces momentos

Rastros da tua passagem

Marcados em meu couro

Entre os dias

Senti tua falta

Senti tua presença

Acelerando o prazer

Retendo a dor

Vou te encontrar

Te perder

Quando o tempo cessar

Serei infinita alma

Sem horas

Minutos

Sem tempo