Maraú

As línguas dos marinhos

dragões vibram, e tão líquidas,

bailam, suavemente psicografando,

nas areias da selvagem praia do Maraú,

divulgando mensagens, vozes codificadas

de místicas ancestrais línguas indígenas, doces.

Max Martins, como um Anchieta

moderno, versifica sua imaginação

no bege macio das areias, sob um céu

às vezes nem tão inspirador, a não ser

para quem de chuva seja amante inconteste.

As escuras pedras vigiam seu passeio,

escrevilendo (com ele) o inscrito poema do vagamundo

que na praia encontra um Paraíso muito próximo dali.

As Guaribas da Ilha ora silenciam, ora em grupo guincham,

quando de longe veem o poeta se perder nos longes das distâncias,

sumindo desaparecendo dos olhos dos símios vigilantes e frustrados, tristes,

sem entender seus caminhos, novos caminhos

traçados por um trilho dele próprio,

inaceitáveis para os velhos tempos?

Ou tão respeitáveis, apenas

uma novidade

inapreciada,

até então?

Os marinhos dragões rugem,

Maaaax, Maaaaaaaaaaaaxxxxxxx,

Ma... Ma... Maaaaxxx... -- uivos líquidos

lavam a areia e ecoam um canto/pranto

nas melancólicas tardes da solitária

enseada da praia de Mayarahú, esta

‘luz do sol ao amanhecer’, segundo os tupinambás.

Ele não volta, está em seu porto,

Porto Max, cabana de devaneios.

As pedras escuras da praia lamentam

a ausência de seu cantor, por isso

se submetem às surras das línguas

do mar: Maaaaaxx... Maaaaaxxxxxxx...

Ele já se foi... Mas estará presente, sempre

estampado na paisagem seu nome, sempre

a lembrá-lo, nas vozes a ecoar: -- Maaaaaxxxx....

Maaaaaxxxx, Maaaaaxxxx, Maaaaaaaaaaaa...