No princípio era o Verbo
e ao Verbo deu-se a missão de plantar sonhos
em Paraísos de solo fértil e águas abundantes.

Os frutos eram doces
e boas eram todas as sementes.
Não havia fome de trigo, de amor ou de justiça,
e ninguém conhecia a dor
ou a saudade.

Rios e mares encontravam-se no infinito dos seus grandes  braços
e estalavam espumas translúcidas e brilhantes
no vai-vem do arco-iris,
levando fartuna e fortuna aos campos e riachos.

Homens e mulheres caminhavam de mãos dadas 
e dormiam o sono dos que se amavam
sem pensar no Futuro, na fome, ou na desgraça.

Amavam-se.

Apenas amavam-se.

Que importava o sibilo das Serpentes?