Língua Materna
Dizer é pintar o tempo
em moldura de janela
rostos, sorrisos, peitos,
postados assim de jeito
num escuro lá de dentro
fundo de tela, aquarela
onde o colorido adentra
diante do que está adiante.
Lá fora há um jardim
ervas de cheiro, alecrim.
Do não, significante,
transborda o significado
não de hoje, mas de antes
de colo-mãe, o legado,
em sua fala que clama
qu'em qualquer língua me ama
desde o cantar sertanejo
ao Kanji, ideograma
Se me atenho ao que vejo
a palavra pinta o tempo
num dizer que conta um conto.
Colorida, voz de avó,
ecoa no corredor.
Se de pronto aumenta um ponto
em agulhas que me tecem
tira do peito o estar só
e beijos de lã me aquecem
nesse estar longe da dor.
Dizer é pintar o tempo
em moldura de janela
rostos, sorrisos, peitos,
postados assim de jeito
num escuro lá de dentro
fundo de tela, aquarela
onde o colorido adentra
diante do que está adiante.
Lá fora há um jardim
ervas de cheiro, alecrim.
Do não, significante,
transborda o significado
não de hoje, mas de antes
de colo-mãe, o legado,
em sua fala que clama
qu'em qualquer língua me ama
desde o cantar sertanejo
ao Kanji, ideograma
Se me atenho ao que vejo
a palavra pinta o tempo
num dizer que conta um conto.
Colorida, voz de avó,
ecoa no corredor.
Se de pronto aumenta um ponto
em agulhas que me tecem
tira do peito o estar só
e beijos de lã me aquecem
nesse estar longe da dor.