Se...

O meu instante quebrou a magia de tua infância.

Menino que outrora escondi nos braços.

E que pequeno em sua imagem, sonhou sorrindo os amores que um homem já assassina na vida.

Já não pode ser criança. A ciranda de aquarela enfeita seus horrores ao dormir.

Meu pequeno anjo em meus braços.

Contemplar-te é querer morrer aos poucos, vendo-te partir na embarcação em alto mar, e eu vazio na praia.

Tiveste que crescer por mim. Tive que morrer por ti.

Juntos nos desfazemos. Eu em tuas dores, tu em meu silencio.

Dou-te asas. Voe, antes que o céu feche os olhos e não vislumbre teu ruflar. Antes que o vento passe e a chuva esconda minhas lagrimas.

Ainda estou aqui.

Mas creio que o tempo vela a sepultura que me espreita.

Os segundos são facadas de punhais cegos. Invadem e rasgam os véus carnais de meu íntimo.

Resta agora o último suspiro e eu já consigo ouvir as trombetas celestiais anunciando o momento.

O meu instante há de permitir a visão de tua partida, por entre o espelho embaçado da retina, que já se aperta entre as pálpebras decadentes.

Sem despedida. Não há ouvidos para o adeus.

Se esqueci o beijo na fronte, sinta em seus lábios minha boca trêmula e fria.

Fim do tempo. Vou-me!

Se ao menos...

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...apenas se!

Saulo Sozza
Enviado por Saulo Sozza em 05/05/2010
Código do texto: T2238779
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