Se...
O meu instante quebrou a magia de tua infância.
Menino que outrora escondi nos braços.
E que pequeno em sua imagem, sonhou sorrindo os amores que um homem já assassina na vida.
Já não pode ser criança. A ciranda de aquarela enfeita seus horrores ao dormir.
Meu pequeno anjo em meus braços.
Contemplar-te é querer morrer aos poucos, vendo-te partir na embarcação em alto mar, e eu vazio na praia.
Tiveste que crescer por mim. Tive que morrer por ti.
Juntos nos desfazemos. Eu em tuas dores, tu em meu silencio.
Dou-te asas. Voe, antes que o céu feche os olhos e não vislumbre teu ruflar. Antes que o vento passe e a chuva esconda minhas lagrimas.
Ainda estou aqui.
Mas creio que o tempo vela a sepultura que me espreita.
Os segundos são facadas de punhais cegos. Invadem e rasgam os véus carnais de meu íntimo.
Resta agora o último suspiro e eu já consigo ouvir as trombetas celestiais anunciando o momento.
O meu instante há de permitir a visão de tua partida, por entre o espelho embaçado da retina, que já se aperta entre as pálpebras decadentes.
Sem despedida. Não há ouvidos para o adeus.
Se esqueci o beijo na fronte, sinta em seus lábios minha boca trêmula e fria.
Fim do tempo. Vou-me!
Se ao menos...
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...apenas se!