A cópia

Então disseram...

“ há poesia na vida”

De vezes tão camufladas,

Sempre parece com alguém...

Então faz pra não ficar só no dizer,

Entreguei razões emprestadas

Que não prestavam mais ser...

Encontrava-me no abismo do mundo,

Mas estava feliz...

De onde vou continuar?

Que horas eu parei?

Debela a cópia...

A mania de estranhar não vira moda,

Não dá sustento à vida,

As coisas na mesma fôrma,

Em alta escala,

Põe orelha, boca e nariz,

e não esquece dos olhos azuis da atriz...

Começa fazendo a cópia da chave,

Depois faz a cópia do rosto,

a cópia da fala e da sala,

a cópia do texto e da roupa,

a cópia do pretexto e da boca,

a cópia do mal e do astral,

a cópia da cópia...

Quem tem cola vai lá,

Não se faz mais pra durar,

A fila cresce no colo da mesmice,

E a mania de estranhar é caretice,

Falta um verão pra destrancar,

Nada mais vou pensar...

a cópia vai durar?