Desejo da vida o sentido de ser
e, por aqui estar, sentir o prazer.
Quero do suor o tempero
a regar o gosto da lida
sob este céu de ilusão.
Não temo a minha sorte,
vou sem sul, caminho ao norte
e, na encruzilhada de vida ou morte,
não estarei na direção contrária.
Talvez, por capricho desses olhos
que teimam em ainda ter esperanças,
eu pegue a linha do horizonte
e nela me embarace,
amarrando meu pensamento
antes que, como nuvem, ele passe.
Quanto ao corpo que me guarda,
empresto a ele meus sentidos,
a desfrutar o sabor contido no viver.
Sabendo que o tempo e breve,
e que chegada também é partida
marcada no relógio das estações.
Não desejo a eternidade do agora,
mas desejo com ousadia
a vida e seus mistérios,
e o poder de desvendá-los.