Vagabundo

Por vezes o vagabundo não trabalha porque quer.

Outras tantas, o mesmo vagabundo, gasta o pé

Atrás de trabalho, dinheiro, trampo, din-din...

São tantos!

Tantos vagabundos ganham a rua num segundo

Se o mundo de lá grita:

“Há uma vaga ainda!”.

Sim meu caro, há dois mundos, dois lados:

O de lá que trabalha, produz;

Que na testa suada reluz a graça

Da pança cheia, da boa casa;

Dos que buscam o ócio, o lazer...

E O de cá, o que fazer?

Esperar. Acreditar em dias melhores e emagrecer.

Não ver beleza no Bolsa Família,

Mas disso depender ainda

Para, nas pesquisas do Governo, receber

O grandioso epíteto do verbo “sobreviver”.

Do ócio têm de sobra.

Fosse na Grécia, seriam gênios, matemáticos, filósofos...

Mas pra quem nem tem o que comer, não ter educação no Mundo

É suficiente para conceber

Mais outro vagabundo:

V-A-G-A-B-U-N-D-O.