VIGÍLIA
deito-me
[pé ante pé]
o frio – bem rápido –
ainda consegue as cobertas
[vento]
tento, em vão, te anunciar um dezembro
[não ouves]
... e fico a perguntar por onde andam as mulheres de maio
[?]
cheiro teus olhos
e, quieto, te dou meu silêncio
enquanto os teus sonhos me soterram
e me chamam depressa para debaixo das cobertas
... e fico a ver o mundo sob o ponto de vista do teu sono
[...]
te beijo
[e nem sabes que te beijo]
evito minhas pernas nas pernas tuas;
assim
[de pernas justas]
permanecemos temporariamente em paralisia
[!]
peço caluda à torneira
[que pinga]
e até à chuva.
Tudo em tua volta deve permanecer em silencio absoluto
[!]
por fim,
queixo de mim mesmo
[teu humano]
por espirrar, por tossir, por pigarrear, por peidar, por irrequieto
[humano]
que faz de tudo e um pouco mais pelo teu sono
[...]
ao dessonarmos,
surpresa:
dormiste nua ao meu lado
[!]