ELOGIA E GOSTA

Como sempre, elogia e gosta.

Ela deve saber que é pra ela?

Analiso a olhar seu rosto estático,

recongelado nas estrofes que leu.

Devia dar um curto circuito,

mas é um sistema perfeito...

Alguém que se nutre da beleza

que a sua beleza produziu!

É como uma chama que corre

e reconstrói o pavio...

um rio que deságua em si mesmo.

Sinto algum poder nas mãos

ao determinar: ‘ela não deve saber’

Velha alegoria de Platão,

ela permanece na escuridão;

por alguém que não a deixa ver.

No entanto tudo é sensação,

e o não saber parece não prender

quando o assunto é poesia...

Se não tivesse o que esconder,

jamais o poetinha escreveria...

Tudo em mim é sensação e amor.

Enquanto sensação é tudo que há,

amar é transpassá-lo e doar-se.

Do ar se fazer concreto ao alheio.

O amor é sensação, mas estendida:

estendida ao espírito vizinho;

àquilo que de etéreo significante

não significa o que lhe pertence.

Aquilo que está fácil ao alcance

de quem nega a si por um instante.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 02/05/2010
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