Pomba da Noite

As pombas ciscam nas praças

Nesse domingo cinza

Cinza como essas pombas

Cinza como minha vida hoje

E me trazem o gosto, agora amargo,

Daquela que um dia foi doce

A pomba mais bela

Dos olhos que encantam e iludem

Que confundem os sábios

E embriagam os doutores da lei

A dama de vermelho

Que baila na vida dos desgraçados,

Dos velhos e dos casados

Que faz das vidas tristes um alegre querer viver

E depois, um amargo morrer

Ela engana, sorri e fere

Em carne e essência

Cigarros e movimentos ao som dos tamborins

Seus panos colorem o escuro do salão

E as fantasias dos imbecis,

Que como eu, vivem e apenas isso,

Vivem, pagam e sonham

Até o dia amanhecer

Até as pombas descerem às praças

Em busca de farelos,

E a morte descer à terra,

Em busca de almas velhas e cansadas

E ela bebe... E ela ri

E ela dança,

E ela dança, ali...

Eron Levy
Enviado por Eron Levy em 02/05/2010
Reeditado em 27/11/2012
Código do texto: T2232511
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.