ANTONÍMIA // OS ARES TECEM O NADA
ANTONÍMIA
Antonímia da sinonímia antônima de mim
Confundo e esclareço
Anoiteço e amanheço
Esquecendo de lembrar
Que aconteço em vias de me perder
E me achar
Tão longe estou de mim
Que estou perto de ti
És e não estás
Acendes e apagas
O fogo que corre sobre as águas
Na ascendência descendente de minh’alma
Da vida movimentada
Para a morte apática
Subo montanhas íngremes
Desço rios horizontais
Na verticalidade dos meus versos
Coloco e retiro os meus ais
Eu te amo e também te odeio
Avesso e direito de mim tu és
Expulso e convido
Excomungo e santifico
Prostrando-me aos teus pés
No mesmo instante do sorriso
Há choro
Na presença ausente
De no verso ser revés
***
OS ARES TECEM O NADA
Assim, como se todos os oceanos reunidos
Entre nós se interpusessem
Por mais que voem as gaivotas
Voam cansadas
Os ceus empalidecem
Assim, tal qual se vai o tempo
Não se sabe fazer o quê
Assim, como os ares tecem o nada
E inferno e paraíso se juntassem
Assim, tal qual a poesia emurchece
E um corpo vencido a terra desce
Assim, assim,
Nem conseguiria esclarecer
O que no breve limite
Entre a razão e a emoção
acontece