INVENTÁRIO
Quando morrer
deixarei de herança,
os meus passos na dança
de minhas andanças...
a palhaçada imprimida
com a sola dos pés
na solidão de minha fama
e nas calçadas em viés...
Toda a minha poesia
pra que seja acolhida
com ou sem rima banida,
verse métrica, verse trova,
mas tendo o sentimento
como sentido da prova
da alma em polvorosa...
Deixarei o meu teatro
em forma de dramaturgia
pra quando chegar o dia,
ter sido riqueza de fato.
Deixo aqui meu inventário
relíquias de um relicário
pra quem me pichou de otário
deixo tudo assim, de prova.