SUJEITO IGNOTO

Os amores me curaram

em doses homeopáticas

dos ciúmes, das torturas

com simpatias empáticas

de toda sorte de dores

que na alma se incrustaram

como perfume de flores

que depois se dissiparam...

Quantas Veras

tantas Mirtes

tantas feras

quanto tristes

indicadores em riste

me fizeram qual um louco...

nenhuma Maria de Fátima

que me consolasse um pouco

comparando-me a uma máquina

a sentir-me um ser sem alma

sem apascentar-me com a calma

que necessitamos de um horto.

Daí direi e já digo

serei a maçã do coco

da cana, o vinhoto,

da ostra a pérola,

da reta, o torto,

do poeta, o porto,

da coragem, o ócio,

da união, o divórcio,

e após anos de vida

serei sujeito ignoto,

antes assim do que morto

com dizeres tão furtivos

na inscrição de um jazigo

ou de uma tábua na vara,

talvez, uma lignita lápide

para a leitura da turba

analfabeta e ignara.

Qual o ser,

que assim como eu,

há-de...?

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 01/05/2010
Reeditado em 01/05/2010
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