ACORDAR NA CIDADE

Os cachorros ladram

Um aqui outro aculá

Eu na cama a bocejar

E o mais triste: levantar...

De seu urdir maquinário

O despertador a se ocupar

Sobre o criado ou em cima do armário

Neste ultimo prefiro eu pra ter que levantar

E o sono não mais me roubar

Água fria a esfriar meu rosto

É desgosto mas é remédio

Desperto novamente pra vida

Arregalo os olhos, encaro o tédio

Fogão aberto, canecão, açúcar e pó

O café cheira longe vejam só

A mesa acolhe, pão manteiga e leite

Tudo pronto pro desjejum

Oração num pensamento de que tudo vai ser bom

Deus ajuda quem cedo madruga

E a confiança no Pai

Fortalece quem vai seguir a vida igualzinha sempre

Beijo bom dia na esposa

Abro a porta e o frescor da matina

Às vezes cinza, às vezes cinza

O verde que me chega é das propagandas

De supermercado e outras quitandas

As cadelas me acenam com o rabo

E engraçado seu único interesse

É um afago

Um lambe-lambe sem fotos

O jardim também me acena

Balanço as mãos e vejo as pequenas

Florzinhas de açucena a sorrirem pra mim

Desconfiado olho se ninguém me vê nesta fantasia de sei lá o que

E nesta construção cotidiana de todas as manhãs

Chego ao portão pra tomar a condução

E deixar o meu lar

Pra ganhar o mundo lá onde a mãe não me ouve...

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 01/05/2010
Reeditado em 27/05/2010
Código do texto: T2230336
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