A Tampa do Mundo
Descampe os cabelos,
seja calvo, seja calmo,
destampe o mundo,
entorne a água,
entorne a mágoa.
Acampe no pico do lamento,
seja alpinista, seja pianista,
do concerto humano.
Conserte o desumano,
bata um prego,
aperte uma rosca,
torne baeta uma rosa,
torne cinzento um jumento.
E quando o mato amarelar,
e estalar em fogo,
e quando a ansiedade fugir,
pelas trincas dos dentes,
e quando o derradeiro abraço,
desajustar do amor o laço...
Não resista!
Cale as palavras da revista,
suba a rampa da fuga,
guarde a camisa dentro da calça,
dê um grito, um silêncio,
puxe com as mãos as alças de ferro,
saia e feche a tampa do mundo.