BRASILEIRO, POR QUE NÃO?

Sou brasileiro nato.

Legitimo neto de mestiço

De origem de cortiço

Morador de beco estreito

Onde carroça é transporte

Onde o bom dia e boa noite

Por quem passo tenho que dar

Fui ensinado de maneira

Não pensar que é besteira

O respeito demonstrar.

Calçada lisa de passeio decorado

Estrutura paralela

Gasto sola de chinela

Tropeçando vou andando

Para frente vou seguindo

O caminho do meu destino

O meu pão eu vou ganhar.

Aprendi que o trabalho

Engrandece o grande homem

Dignifica consciência

Com prudência vou andando

Enxergando todo canto

Candeeiro é minha luz

Que do poste se reluz

Para que eu possa enxergar

Adiante vou seguindo

Essa luz do meu destino

Como o tino que eu tomo

Casaco velho e de pano

Calça cerzida remendada

Que o tempo fez rasgar.

Não por raiva mais por uso

De um segundo dono

De ser única para todos

Dentro de um simples e belo lar.

Felicidade com pobreza

Esnobando a vazia mesa

Onde o alimento fez faltar.

Onde a fome é que manda

Felicidade só de engano

Bebe água para dormir

E o estomago enganado.

Outro dia a mesma lida

Da ruim e triste vida

De não ter nenhuma lida

Ou padrinho pra bancar.

Independente da situação

Vivo alegre e satisfeito

Vivo sempre do meu jeito

Carnaval tem todo ano.

Aproveito os desencantos

Vivo sempre no meu canto

Porque sirvo de exemplo

Da estatística demográfica

De um país que rir de graça

Da desgraça do faminto.

De um pedinte do destino

Triste sina de um menino

Que um dia se fez homem

Contentou-se com tão pouco

Pois o esforço se fez grande

Sem mais força de lutar.

Independente de toda situação

Bate no peito e questiona

Brasileiro, Por Que Não?