Premências

tudo que eu preciso
é evitar a palavra equivocada
é me estender ao Sol para uma confissão
e ter coragem de dizer às claras
do meu cansaço dessas poesias tortas
das voltas sem rodeios da vontade

de tanto precisar eu me perdi
do gosto de vagar à minha escrita
bendita forma fixada além de mim
preciso de uma aurora fresca e pura
de novas criaturas pelas lavras
e sinto que é mister saber dos fatos
de fato, de sentir-me aterrada
e não uma estrangeira no meu reino

a falta mais premente é por verdades
daquelas que libertam que são asas
e doa a quem doer já não me importo
com essa inoportuna debandada
do nada em meu vazio sempre maior
do ar que rarefaz cada vez mais
a inútil e fatal respiração

Nilza Azzi


nilzaazzi.blogspot.com.br