AMOR PERDIDO

O vasilhame de veludo escuro da noite

Estava salpicado, derramando-se de estrelas

Era minha companheira fiel, a saudade

Que comigo também chorava, somente ao vê-las

Era a noite um caminho escuro dentro de mim

Destilava suspiros, lembranças, melancolias e os meus ais

Meus eternos companheiros, lembrando-me sempre de você

E triste minha alma fragilizada pergunta-me: onde estais?

Que não doura clareando, meu solitário caminho

Só vejo casas antigas, ruas vazias e escuras

Tenho sonhos que te tenho apaixonada

Em alcovas de sedas e almíscar puras

No ar delírios que o meu coração imagina

Por que não fostes para mim a doce namorada

Hoje na praia dos meus prazeres quase tépidos

Deito-me na espuma esperando a madrugada

Que resvala pelos penedos molhados, na minha dor

Vejo a nau dos meus amores com a quilha encalhada e banguela

Espectros tremeluzem no destilar prateado da lua

Maldizendo o meu destino de ter que morrer sem ela.