Figuras

A imagem retrata as páginas reviradas... Tantas lâminas ainda sem fio.
As palavras tão soltas estão no céu da tua boca.
Beiramos à loucura... Desafio.
As figuras, espalhadas pela mesa, dizem que falta muito para as ideias correrem em igual.
Afasto-me das artimanhas... Cuido do peito... Do ventre que abriga a alma.
Sedas e dança... Nem sempre, na mesma sala de estar.
Rasguei, com as mãos calejadas, as páginas que, sem retorno, não são entendidas.
Corri e não cheguei... Os passos, agora lentos, dizem-me para olhar em outra direção.
Ainda sinto as mãos deslizando o corpo... As minhas... As tuas...
Os risos permeiam a face... As palavras adocicadas pela coerência... O dizer SIM, em silêncio aplaudido... Nem acredito que mudo o rumo, em vontade contrariada.
Ainda lembro das imagens que criamos... Guardadas na memória seleta...
Mas, na vida, deve-se ter fome...
O vento garimpou as figuras... E as palavras são ditas feito veneno.
Ainda lembro... Um dia, esqueço.


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