Jornada desconhecida
Alma inglória, turva, carcomida.
Modifica todo o sentido da partida,
Quando nada mais que ela pode ser sentida,
E a tua nobreza fica para sempre esquecida.
Hoje, a miséria parece bem merecida.
Tua essência só nela é reconhecida,
Na imensidão das estrelas refletida.
E na solidão, fez-se arrependida.
Vê que no mal semeado estava iludida.
Supõe, tua missão não será cumprida.
Acalma-te e repousa da jornada vivida,
Sente que, na verdade, ela não foi perdida.
Alma inglória, turva, foi ouvida,
Na compreensão encontrou guarida.
Tua missão foi somente transferida
Para outro renascer, mais amadurecida.
Ver tua existência, assim resumida
Fez derramares a lágrima incontida.
A última existência viu-se diminuída
Em um grão de areia, frente a tua vida.
Alma, outrora, inglória, turva, tão sofrida.
Não sabes, mas após a última taça sorvida,
E de tua infinidade de pecados se absolvida.
Serás, na próxima jornada, a Ele conduzida.
Brasília-DF, 28 de abril de 2010.