Pelo avesso

Hoje sou aquela no espelho

Fascinada por simples cacos de vidro

Tão tola por acreditar

Tão tola por duvidar

Que havia algo mais naquela imagem

Que faria alguém me olhar duas vezes

Por que eu choro quando não há ninguém

O que minha alma esconde de mim?

Sou aquilo que o tempo quis tecer

Uma farsa entediante, um jogo perfeito

A sombra de quem eu nunca quis ser

Sou como uma caixa de pandora

Aquela que carrega tantos males

Guardo um grito, pronto para me redimir

Mas mantenho o silêncio

Certa de que é o que todos querem ouvir

Segredos, mistérios, medo...

Uma mente humana pedindo perdão

Não era esse o mundo que eu esperava

Não era essa melodia que eu murmurava

Quando os sonhos eram mais que ilusão

Mas talvez eu estivesse adormecida

Enquanto minha vida passava

Memorizei as cores, os versos, os passos

E esqueci que parte de tudo aquilo

Também envelheceria em meus braços

E eu nem contei todas as histórias

Nem sorri todos os meus sorrisos

Guardei todos para uma hora especial

Logo eu que não acredito mais em mágica

E que já me perdi no temporal

E eu ainda nem chorei todas as lágrimas...