Refugio-me
Escondo-me
de mim, de todos, sei lá!
daquilo que me magoa,
que me entristece
me faz andar à toa
me dá um nó na garganra
me ataranta
e me escurece
Refugio-me
no meu eu profundo
algures, bem lá no fundo
onde só há poesia
uma tela vazia
que eu vou enchendo de luz
de cores de céus da aura de Deus
E perco-me
das coisas insípidas
das futilidades
das tricas e mexericos
do dito pelo não dito
da má onda especializada
da vizinha de boca escancarada
daquilo em que não acredito
Encontro-me
na nuvem serena e fofa
que serve de alcova aos meus sonhos
na brisa que embala os ninhos
no voo dos passarinhos
na janela ensolarada da alma
na fresta que se abre aos meus caminhos
na escolha de querer ser feliz