INCERTEZAS...
Quantos terão que fenecer...
nas trevas da incerteza,
até que o mal se acabe?
Quantos terão que morrer...
sem conhecer a felicidade,
quer seja no limiar da velhice;
quer seja na tenra idade?
Quantos se somarão a estes,
ontem e hoje ignorantes...
que nascem e morrem servis;
servindo aos governantes?
Quantos ainda morrerão,
por falta de alimento...
por falta de um trabalho,
que lhes garanta o sustento?
Quantos ainda vagarão...
pelas ruas e avenidas,
sem um teto para morar...
sem alcançar nada na vida?
Quantos ainda matarão...
para fugir do sufoco,
deste grande turbilhão...
onde todo mundo é louco?
Quantas vozes se ouvirão,
em demagogias sem fim...
dizendo que ainda farão,
algo por você e por mim?
Quantas vezes impassíveis,
vamos enterrar nossos entes...
quantos ainda vivem,
como mortos e doentes?
Quantas serão as filosofias,
que ainda se erguerão...
em cima do mesmo escárnio,
que move esta geração?
Quantos,quantos...
e quantas vezes,
teremos que nos perguntar...
buscando em vão as respostas,
que há muito pairam no ar?
O homem tem a certeza...
de que algo deve mudar,
mas prefere a incerteza...
a isenção e a frieza,
de não tirar do lugar.
E enquanto o mundo se consome,
dia a dia, ano a ano...
o homem deixa de ser homem,
e se perpetua tirano...
matando a si próprio,
alimentando seu próprio engano...
ao pensar que vai escapar,
que sempre vai se safar...
escondido por debaixo do pano.
Acorda homem!
Muda teus planos.
Rodrigo di Freitas
13.05.92