Valentina

Ei-la retoricamente, olhando-a como quem se perdera,

Contudo sabe que há clausura e fingi a muito esquecera.

Busca adentro do abismo sem fundo encontra-se,

Como quem não almeja jamais se recordar e ver-se.

Enterrou-se em uma terra intensa e não sabe donde,

Cavas-te sozinha e escondes-te a morte muito longe.

Arrasta-se em meio ao anoitecer e traz consigo o reaver.

A vingança tarda e que todos não rememoram,

A queda de uma vida que planeja a muito reviver,

A dor eterna promete a aqueles que a mataram.

Dantes a beijava entre as promessas e as palavras,

E entregou-a de bom grado aos vermes que amparas.

Abstém-se das memórias boas e foca-se na dor,

Caminha com fúria e vergasta tudo com ardor.

Nada lhe importa somente vingar-se de seu amado,

Que pensou como toda a certeza ter-lhe matado.

O caminhar próximo pode ser ouvido,

Valentina como sua pá feliz se resguarda,

Com a pá nas costas abate-o, é desmaiado.

O amado rindo e blasonando sem saber aguarda,

O instrumento largo e chato, com rebordos laterais,

Serve-lhe para cavar o solo a sete palmos magistrais.

E quanto ele retorna buraco adentro a lucidez,

Suplica-lhe o perdão e quer sair dali com avidez.

Implora-lhe que não o faça e diz que se arrepende,

Chora e se perde em sua lágrima cálida e corrente.

A terra começa a lhe recobrir vagarosamente delicado,

Mais e mais, até o topo, e ainda é possível escutar,

Antes do último monte de terra um verso lhe é citado:

Acalma-te estás perdoado e sempre irei lhe odiar.

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 28/04/2010
Código do texto: T2224003
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.