Inverossímil
Meus sentidos é que me enganam
Ou tudo aquilo que almejo é irreal?
Vejo que há muitos que clamam,
Pregam ser aqui, na Terra, o final.
Procurando entender a existência,
Percebe-se que não existe o bem.
O que alguns consideram decência,
Pode ser uma ideia que vai além.
Também não existe nenhum mal.
Vè-se que há somente o homem,
Fértil, fecundo, deletério e imortal,
Mesmo assim um dia eles somem.
Este foi o destino do nosso ancestral.
Nele derramou-se o estigma da vida.
Para depois cair no espaço abismal.
Dele arribou-se a gangrena incontida,
Para vir a formar o senso de moral.
Mas tento entender minha existência.
A crueldade do homem já é cultural?
Ou tudo faz parte da nossa essência?
E matar por esporte, é instinto animal?
Mas se eles só o fazem para sobreviver.
Enquanto aquele que devia ser racional
Não o faz por instinto, mas puro prazer.
Mesmo o que nos cerca e nos dá sustento.
Destruímos como se não nos fosse crucial,
Tento entender a existência, já sem alento.
Começo a crer, eu carrego o veneno mortal!
E não adianta tentar fugir ao sufrágio fatal.
O homem é que carrega todo meu tormento
Eu sou ele, por isso sou somente substancial.
Melhor desistir da busca pelo conhecimento.
Aqui, neste mundo onde tudo é apenas carnal,
Não há espaço para pensar na essência pura.
Mas, não é nela que encontro o meu cabedal?
Afinal, só sirvo de alimento como toda criatura.
Brasília-DF, 27 de abril de 2010.