Hora Poética

Impiedosa hora poética,

que em sangue me transforma,

hora rica da procura céptica,

que das entranhas saem por norma,

dos alicerces redondos que me consomem em forma...

Hora da loucura,

da inspiração...

Inventando,

ventos, brisas,

liberdades...

tempestades,

criando desumanidades...

Hora em que os dedos envolvem minha pronúncia,

quando renuncio procurando a dor,

do amor,

esplendor...

Abrindo buracos no meu ser,

onde entrego o meu papel,

nesta forma digna e sensível,

de ser cruel...

Oh impiedosa hora poética,

que extrais de mim,

doce mel...

Nuno Godinho

27-4-2010