EU SOU...

 
Eu sou o limiar do horizonte,
a ponte, a estrada, a fonte!
Na fé que não esmorece,
sou o silêncio da prece...
Sou vida e morte,
o tempo e seu advento.
A lágrima de dor que sangrou,
até argentar harmonia
em seus momentos.
Sou arrebentação, maresia,
onda, estesia...
Uma mescla de tristeza e alegria,
o ponto finito no infinito atemporal.
Eu sou o amor, a entrega,
que de tanta doação,
eternizou-se em raízes fundas,
densas, fortalecidas,
num novo e fértil chão.
Sou as amarras do ancoradouro,
porto seguro, luz no escuro.
O ninho do passarinho,
o som, o tom da canção.
Eu sou o despertar da verdade
que descortina o véu do imaginário,
do efêmero e do real...
Sou a palavra viva e descrita
que se agita nas folhas de papel.
A rima, a sina, a esquina onde
nas sombras a inspiração aflorou.
Sou lua cheia, carne crua,
face exposta sem máscaras,
Alma nua...
No lamento da saudade,
sou o sorriso do regresso.
Eu sou semente
que no ardor dos sentidos,
em seus braços perde o juízo
e tudo sente, pressente...
Sou o passado, o futuro e o presente.
Sou vento que sopra esperança,
mar aberto... Estou sempre por perto.
Sou pedaços e inteiro,
sonhos e fantasias
nos versos que pranteio.
Sou verbo que conjuga paz.
Sou tudo e nada...
Eu sou o mundo
num coração profundo,
sou poeira, átomo, molécula,
lagarta e libélula.
Sou louca e lúcida,
púdica e impura.
Sou poeta!
Sou mulher!
Sou sua!...
 
2006
 
 

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 21/08/2006
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T222228