a mulher
a mulher
intensamente
se despiu
se mostrou inteira
inteiramente só
com os olhos no espelho
se confessou calada
quis conselhos
quis palavras
quis de volta
as frases repletas
quis o poeta
cujos versos e canções
lhe escancaravam os sonhos
lhe aprisionavam a alma
quando o cair da noite
sempre fazia sentido
quando a vida se fazia calma
a mulher
intensamente
quieta
mentiu
fingiu-se esquecida
ingrata
por insensatez
por bravata
por bravura
pos os olhos vazios
vadios na noite escura
achou que talvez
por um pensamento louco
estivesse liberta
até estivesse feliz
deitou-se nua
sob a coberta
tentando dormir mais um pouco
mas a dor do seu corpo
não quis