fractais 11
do galho descem
raízes que o vento
distorce(os olhos
fechados e tristes)
gotejam no asfalto
suor e poesia
quem me ensina
é quem desliza
entre o arco da memória
e a flecha da presença
aqui e agora
vestido de nuvens
e a brisa calçando
meus passos
passo entre os que passam
passageiro na paisagem
transportando simplesmente
ossos e sonhos
poemas concretos
as estrelas descem
até o chão piso
nas nuvens e no sol sento
bem no centro
da cruzeiro do sul
poça ou lago
oceano ou orvalho
é tudo agua
e não é somente
espelho
sobretudo é
abismo
raso e superficial
pântano da alma
onde a vida
se engravida
repouso em mim
sentado flutuo
nado no nada
respiro a luz
e o ser
todos somos sós
todos somos sóis
todos só somos
quando ninguém deixa de ser
todos somos o ser
que cada um é
o sumo de nós todos é
a soma de mim mais você
que fome me alimenta
e nem sabe?
que sabor me absorve
e nem distingue
o paladar do afeto?
que poema me escreve
(enquanto penso
que o escrevo) e faz
minha historia legível
meu rosto ao alcance do toque
e meu corpo decifravel?