fractais 11

do galho descem

raízes que o vento

distorce(os olhos

fechados e tristes)

gotejam no asfalto

suor e poesia

quem me ensina

é quem desliza

entre o arco da memória

e a flecha da presença

aqui e agora

vestido de nuvens

e a brisa calçando

meus passos

passo entre os que passam

passageiro na paisagem

transportando simplesmente

ossos e sonhos

poemas concretos

as estrelas descem

até o chão piso

nas nuvens e no sol sento

bem no centro

da cruzeiro do sul

poça ou lago

oceano ou orvalho

é tudo agua

e não é somente

espelho

sobretudo é

abismo

raso e superficial

pântano da alma

onde a vida

se engravida

repouso em mim

sentado flutuo

nado no nada

respiro a luz

e o ser

todos somos sós

todos somos sóis

todos só somos

quando ninguém deixa de ser

todos somos o ser

que cada um é

o sumo de nós todos é

a soma de mim mais você

que fome me alimenta

e nem sabe?

que sabor me absorve

e nem distingue

o paladar do afeto?

que poema me escreve

(enquanto penso

que o escrevo) e faz

minha historia legível

meu rosto ao alcance do toque

e meu corpo decifravel?

Francisco Zebral
Enviado por Francisco Zebral em 26/04/2010
Reeditado em 17/05/2010
Código do texto: T2220565
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