No mistério do sem-fim
Deu duas da tarde e nada de ninguém acordar ainda
Porque é sempre domingo, um domingo sem fim

Noitinha, as pessoas alegremente com suas cadeiras
Conversam animadamente sentadas na calçada
Porque é sempre noitinha, noitinha sem fim

No mistério do sem-fim
Os namorados fitam eternamente a lua
E se beijam porque é um luar sem fim
Enfeitando de beleza uma noite sem fim

No mistério do sem-fim
O Gato persegue uma Joaninha, mas não a devora
Encanta-se com ela e tornam-se amigos, brincam a tarde inteira
Uma tarde serena de domingo, de um domingo sem fim

No mistério do sem-fim
Todas essas coisas belas desenrolam-se diante de mim
Num doce arrebatamento pergunto-me se há assim tanta poesia
Essa magia que tudo transforma mais fora do que dentro de mim
Como pode haver ainda tanto mistério numa poesia sem fim?


(Poesia On Line, em 23/04/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 25/04/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2219646
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