Poeta que não sou

Nunca poderia

Ter deixado de sonhar

Que sou poeta:

É como se negasse em mim

Algo que desconheço,

Mas que sinto existir,

Como pulsação forte

De luminosidade tardia,

Todavia viva.

É como se dentro de mim

Houvesse algo a mais do que sou,

Adormecido,

Mas que – sempre -

Coloca-se nos papéis,

Como se poeta fosse,

Ou como poeta que sou.