Balada Marítima I
Só, o mar é pleno.
(Basta em si apenas
Suas metáforas e mecânicas,
Dissoluções verde-olhar
Que penetra(m) em espuma
Os pés que se transmutam
líquidos, e se dissolvem
voltando à forma originária
Onde Tudo é Um)
Emanto o corpo e a corda
Que desfragmenta entre braços
A suave canção que me aninha
Enquanto sou arremessado
Entre rochas e Vazio,
Inerte de qualquer ação, se não Céu.
Não me empenho em lutar,
aceito a água como se aceita o sol em dias de verão,
Sem tormenta ou exaspero,
Apenas regozijo brando e branco;
E então, esqueço-me de tudo.
(Não pensar se torna o princípio de tais coisas)
Abro os olhos e acalanto,
Ultramarino decomponho-me em sal.
Beijada é minha face sobre a superfície,
Tenho entre os dedos uma gaivota;
Em cima de uma pedra
Com um relógio preso ao corpo
Desfiguro as horas fugidias e sorrio,
Agora eu sei como é morrer no mar:
É morrer e encontrar-se vivo.