Eu queria

Eu queria

Eu queria dizer do belo,

tecer um poema tal, que em si fundisse.

uma porção de lágrimas e sorrisos.

Um poema com palavras cujas

não se entortassem ao pingar dos dedos,

e não se contaminassem de razão.

Eu queria mesmo; grafar os sonhos

com extrema exatidão,

num piscar de olhos,

num bater de palmas.

Eu queria misturar as plantas e as gentes,

o mar e os campos,

as nuvens e o gado,

ter em mim cada um de todos,

e ao mesmo passo, estar neles.

Eu queria trazer à consciência,

a infinitude breve,

ou a brevidade infinita

destes sonhos que me inflamam,

e em mim insuflam vida.

Queria exteriorizar este poema

no meu peito germinado ,

para salvá-lo de morrer

no silêncio escuro de minha goela,

como tantos dantes.