Estações
Já vivi as primaveras da vida
Onde floresceram amores
De chuvas esparsas e amenas
De lágrimas do futuro incerto.
Foi no verão que mergulhei no mar
Ruidoso e violento de mim mesma
Descobri mistérios e vi belezas que jamais vira
E carregada pelas ondas incertas
Repousei na praia, envolta na bruma leve.
Eis que vivo hoje em pleno outono
Deixando cair da árvore dos meus sentimentos
Toda folha de futilidade e amargura.
Desfaço-me tranqüila de tudo o que não contribui
Para que eu floresça ou frutifique.
Minhas profundas raízes de vivência buscam o alimento
Que me faz a seiva de esperança que mantém o meu viver.
Não viverei o inverno
Do frio de quem ama pouco ou nada
Posso até ser uma noite gelada
Em que um abraço deixa a alma aquecida
Os amigos se reúnem em casa
E o cheiro da coberta lavada
Traz um sono tranqüilo.
Não haverei de ser o frio do abandono
Tampouco do abandonado (desejo)
Nem padecida,
Nem conformada...
As quatro estações em mim,
E eu seguindo pela estrada.