Aldebarã

Para ser meu

é preciso

fazer-se presente

na nudez cinza dos dias

e suprimir o hálito ofegante

da solidária dor.

Sim, é preciso

despertar madrugadas

silenciar sonhos

e umedecer a garganta

da que já nem sei que sou.

É preciso

vestir alegorias

e cintilar o cio das palavras

gestando nas entrelinhas

rimas e utopias,

primavera dos poemas.

Sim, é preciso

fazer-se um deus

Galileu Galilei

e abjurar outros céus

que não seja o de meu riso.

Denise Reis