Uns Versos

Uns Versos

Tere Penhabe

Inspirado na composição musical de Adriana Calcanhoto:

Uns Versos

Não devias rasgar teus versos

que matariam minha sede

minha alma dorme na rede

trançada em versos diversos.

Talvez eles me contassem

tudo que eu mais quis saber

dos teus versos, do teu ser

talvez de nada falassem.

Que fosses o bardo agora

poeta sobrevivente

falando de amor contente

eunuco é coisa de outrora.

Sendo arauto, que só de paz

viessem tuas boas novas

que o mundo, da guerra prova

e não a quer contumaz.

Não és o sol dessa noite

que a minha noite é de lua

junta rimas, minha e tua

que para o tempo é açoite.

Nos meus cabelos molhados

pousa a coragem perdida

nos fios de prata da vida

de tudo que foi sonhado.

E morre o sonho chorando

na noite da nossa história

debruçado sobre as horas

do dia que vem chegando.

Se chegar a amanhecer

não rasgues mais tuas rimas

elas são doces meninas

dos olhos que hei de ver!

Santos, 05.07.2006_22:46 hs

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Uns versos

(Adriana Calcanhoto)

Sou sua noite, sou seu quarto

Se você quiser dormir

Eu me despeço

Eu em pedaços

Como um silêncio ao contrário

Enquanto espero

Escrevo uns versos

Depois rasgo

Sou seu fado, sou seu bardo

Se você quiser ouvir

O seu eunuco, o seu soprano

Um seu arauto

Eu sou o sol da sua noite em claro,

Um rádio

Eu sou pelo avesso sua pele,

O seu casaco

Se você vai sair

O seu asfalto

Se você vai sair

Eu chovo

Sobre o seu cabelo pelo seu itinerário

Sou eu o sou paradeiro

Em uns versos que eu escrevo

Depois rasgo

E depois rasgo