Das certezas poucas

Seguramente, volverá a alvorada

Se não logo amanhã, em um outro dia,

E o céu se avivará de rubra tinta

Borrada pela brisa matutina.

As nuvens baterão em retirada,

E estrelas em um desabrochar sincero

- de flores a piscar na primavera -

Pontilharão em prata o vermelho

Feito esquírolas ardendo em brasas

Ou pirilampos queimando-te a face

Sentando-te, ditosos, nas bochechas

Seguramente, um barco bem minúsculo

A transportar segredos entre as margens,

Há-de cruzar o sol ante o crepúsculo,

E as aves a planar em um desatino,

Acalentando as penas empapadas,

Nesse momento assobiarão alto,

Canções que suas mamães lhes sussurraram,

E, então, mergulharão juntas no mar,

Como a se preparar para a invernada

Seguramente, um uivo pernoitado,

De lobos e predadores insones,

Anunciará o fim da madrugada,

E o florescer sutil das calmarias,

E o renascer das plantações de almas.

Seguramente, isso, e mais nada.

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 23/04/2010
Código do texto: T2213859