Da cor da brasileína
Vivo ainda nesse tênue passamento
Qual a luz que transpassa a cortina.
Cada alvorecer é um novo tormento,
Corrói ao meu ser esta infausta rotina.
De ver, no largo, uma criança faminta.
A cada parada que faço na caminhada,
É um quadro de horrores que se pinta,
Em cores vivas, com tinta estagnada.
Assisto aflito a cada ato que praticam,
Sentindo latente esta crua misantropia
Aos que impassíveis a tudo sustentam.
Abarcam ao mundo, fica a esperança
Em um sonho que me tira da vã apatia.
Quiçá, terei um dia o riso da criança.
Brasília-DF, 22 de abril de 2010.