Labirinto

Num dia de muito calor e sol por entre as nuvens

Com os ventos premeditando a chuva do fim da tarde

O barulho dos carros, motos, gente...

Gente essa que não se envergonha facilmente

Que berra de raiva e de felicidade com a mesma intensidade

Sem prestar atenção no quanto são inconvenientes

E foi num dia assim, como outro qualquer, que ela foi embora.

Não que tenha decidido ir naquele momento,

Mas tinha chegado sua hora e não havia jeito de voltar atrás...

Dentro do seu peito carcomia uma tristeza sem fim, que doía

Doía não porque estava indo, mas por não saber o porquê

Era angustiante essa dor que travava a garganta e ardia os olhos

Ela sente que recuar agora será um gesto de covardia

E este adjetivo não combinava com ela.

Uma mulher como esta pode não terminar tudo o que começa

Mas nunca é porque desiste no meio do caminho

E geralmente é porque arranjou outro amor pra se entreter...

Não ir é não saber se chegaria ao fim

Ela desejava o mundo a seus pés, serviços de primeira classe

E não era síndrome de burguesinha, não,

Era fobia do suor, do calor, da dor, dos cheiros, dos homens.

Nunca se sentiu bem em sociedade(s),

Seus esforços nunca foram recompensados

E cada vez que vai embora, vai em busca de um canto blindado

Seu choro contido ainda vai fazê-la surtar

Sua angústia mal tratada ainda vai levá-la à loucura

Seu grito enrustido pode querer sair na hora errada

Seus dentes estão trincados de tanta raiva controlada

Ela se vê num labirinto cada vez mais estreito

E cada vez mais longe da saída.

Lâmia Brito
Enviado por Lâmia Brito em 21/04/2010
Código do texto: T2210936
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