Labirinto
Num dia de muito calor e sol por entre as nuvens
Com os ventos premeditando a chuva do fim da tarde
O barulho dos carros, motos, gente...
Gente essa que não se envergonha facilmente
Que berra de raiva e de felicidade com a mesma intensidade
Sem prestar atenção no quanto são inconvenientes
E foi num dia assim, como outro qualquer, que ela foi embora.
Não que tenha decidido ir naquele momento,
Mas tinha chegado sua hora e não havia jeito de voltar atrás...
Dentro do seu peito carcomia uma tristeza sem fim, que doía
Doía não porque estava indo, mas por não saber o porquê
Era angustiante essa dor que travava a garganta e ardia os olhos
Ela sente que recuar agora será um gesto de covardia
E este adjetivo não combinava com ela.
Uma mulher como esta pode não terminar tudo o que começa
Mas nunca é porque desiste no meio do caminho
E geralmente é porque arranjou outro amor pra se entreter...
Não ir é não saber se chegaria ao fim
Ela desejava o mundo a seus pés, serviços de primeira classe
E não era síndrome de burguesinha, não,
Era fobia do suor, do calor, da dor, dos cheiros, dos homens.
Nunca se sentiu bem em sociedade(s),
Seus esforços nunca foram recompensados
E cada vez que vai embora, vai em busca de um canto blindado
Seu choro contido ainda vai fazê-la surtar
Sua angústia mal tratada ainda vai levá-la à loucura
Seu grito enrustido pode querer sair na hora errada
Seus dentes estão trincados de tanta raiva controlada
Ela se vê num labirinto cada vez mais estreito
E cada vez mais longe da saída.